Nas lendas, as mouras encantadas surgem sob diversos tipos. Os mais comuns são:
A Princesa Moura é uma muçulmana encantada que habita num castelo ou forte e se toma de amores por um cavaleiro cristão do tempo da Reconquista, ou um guerreiro mouro. Estas lendas tendem a explicar a origem de determinada cidade e evocam personagens históricas.
A Moura-fiandeira é uma jovem belíssima de longos cabelos louros, que transporta um cesto com pedras sobre a cabeça, e uma roca à cintura. A tradição popular atribui a estas mouras a construção dos castros e citânias (povoados e cidades pré-romanos).
Se alguém se sentasse numa Pedra-Moura ficaria encantado, ou se alguma pedra encantada fosse levada para casa, os animais poderiam morrer. As Pedras-moura são guardiãs de riquezas encantadas.
Outra versão diz-nos em que a moura, em vez de ser uma pedra, vive dentro de uma pedra. A moura pode também ser descrita a viajar, sentada numa pedra que pode flutuar no ar ou na água.
A Moura-serpente é outra versão da moura encantada, aqui a bela donzela pode transformar-se numa serpente. Algumas destas mouras-serpentes, ou mouras-cobra, podem ser aladas ou tomar uma forma meio mulher meio animal.
A Moura-Mãe toma a forma de uma jovem encantada que está grávida, e a narrativa centra-se na busca de uma parteira que ajude no nascimento e na recompensa que lhe é dada.
A Moura-Velha é uma mulher idosa; as lendas em que aparecem mouras com figura de velha não são frequentes.
Os elementos que fazem parte das lendas de Mouras Encantadas são inúmeros, mas os mais comuns são:
O ouro das Mouras
O ouro pode aparecer sob as mais variadas formas: figos, pedras, carvões, saias, meadas, animais e instrumentos de trabalho. A obtenção dessas riquezas varia consoante o enredo do conto, tanto pode ser oferecido pela moura como recompensa, como roubado, ou achado. Frequentemente encontra-se dentro de uma panela enterrada, ou qualquer outro recipiente, o que levanta a questão se este elemento alude a uma urna funerária.
O dia de São João
Acredita-se que no dia de S. João as mouras aparecem com os seus tesouros, e é nesta data que se pode quebrar o seu encantamento. As mouras espalham os seus tesouros num penedo ao luar ou então, durante o dia quando o Sol os pode iluminar.
De notar que o dia de S. João marca o solstício de Verão, o que leva alguns autores a afirmar que a sua referência possa estar associada a algum culto solar da época pré-cristã.
A fonte
É um dos locais onde as mouras aparecem frequentemente, muitas vezes como serpentes. Em certas narrativas são atribuídas virtudes mágicas às suas águas.
O encantamento
Este é sempre atribuído de uma figura masculina, de maneira geral ao pai, a outro mouro ou algum génio; qualquer um deles a deixou a guardar os tesouros. Nas lendas, a moura pode aparecer sozinha, acompanhada de outras mouras encantadas, pelo pai ou irmão e ainda pela pessoa amada.
O desencantamento
Para que o desencantamento da moura se realize, normalmente é solicitado segredo, um beijo, um bolo ou pão sem sal, leite, pronunciar algumas palavras mágicas, ou a realização de alguma tarefa, como não olhar para algo velado e aguentar a curiosidade. Se se falhar na missão solicitada a moura continuará encantada e o herói não obtém o tesouro desejado ou a moura amada.
A mourama
É o um local mágico onde moram os mouros encantados.
O tempo da mouraria
É uma expressão usada nestas narrativas, que representa um tempo incerto no passado, a mesma referencia intemporal do "Era uma vez" ou o "Há muito muito tempo", com que começam os contos de fadas.
Outros
As mouras eram associadas a vários fenómenos naturais e aos elementos da natureza. Acreditava-se que o eco era a voz das mouras. Algumas lendas contam que há locais onde ainda é possível ouvir uma moura a chorar.
Os monumentos funerários são frequentemente associados às mouras. Em algumas regiões, as antas são as Casas da Mouras e acreditava-se que elas viviam lá.Curiosidade:
A lenda do ouro das mouras atraiu alguns caçadores de tesouros. Na busca de riqueza e fama, eles escavavam nos locais onde as lendas diziam haver tesouros causando a destruição de alguns monumentos históricos como mamoas e antas.
Bibliografia: Alexandre Parafita "A Mitologia dos Mouros"; "Revista Portuguesa de Arqueologia"; José Leite de Vasconcelos (vários textos)
segunda-feira, 25 de maio de 2009
Mouras Encantadas (Parte 1)
As mouras encantadas, também chamadas moiras, são seres encantados com poderes sobrenaturais, são espíritos fantásticos do folclore popular português. Estes seres são obrigados, por uma dada força oculta e sobrenatural, a viverem semi-adormecidos até que determinado acontecimento lhes quebre o encanto.
De uma maneira geral, as lendas descrevem as mouras encantadas como jovens donzelas de rara beleza ou encantadoras princesas perigosamente sedutoras. Elas aparecem enquadradas num castelo, em grutas ou perto de um curso de água, penteando os seus longos cabelos, loiros como o ouro ou negros como a noite. Ostentam riquezas e prometem tesouros a quem as libertar do encanto.
As Mouras podem assumir diversas formas, tanto humana como de animais chegando mesmo transformar-se em pedras. É enorme o número de lendas e versões da mesma lenda, resultado de séculos de tradição oral. Nos contos, elas surgem como guardiãs dos locais de passagem para o interior da terra, os locais onde se acreditava que o sobrenatural podia manifestar-se. Aparecem junto de nascentes, fontes, pontes, rios, poços, cavernas, antigas construções, velhos castelos ou tesouros escondidos.
Diversos estudos, apontam para a época pré-romana a origem das Mouras. Estes seres encantados apresentam diversas semelhanças às Banshee das lendas Irlandesas. Paralelamente, na mitologia Basca, os Mairu (mouros) são os gigantes que construíram dólmens e os cromeleques. As lendas de mouras encantadas aparecem também na tradição oral Galega e Asturiana.
Não se sabe ao certo a origem do termo moura (moira) pensa-se que ele possa derivar da palavra grega "moira" (μοίρα), que literalmente significa "destino", e das Moiras, divindades originárias da mitologia grega.
Também se considera possível a origem na palavra celtas "mori", que significa mar, ou "mori-morwen", que designa sereia, provavelmente relacionando as mouras com as ondinas ou as ninfas, espíritos que habitavam nos rios e nos cursos de água. Outra possível origem de moura (moira), assenta na palavra "mahra" e "mahr", que significa espírito.
Bibliografia: Alexandre Parafita "A Mitologia dos Mouros"; "Revista Portuguesa de Arqueologia"; José Leite de Vasconcelos (vários textos)
De uma maneira geral, as lendas descrevem as mouras encantadas como jovens donzelas de rara beleza ou encantadoras princesas perigosamente sedutoras. Elas aparecem enquadradas num castelo, em grutas ou perto de um curso de água, penteando os seus longos cabelos, loiros como o ouro ou negros como a noite. Ostentam riquezas e prometem tesouros a quem as libertar do encanto.
As Mouras podem assumir diversas formas, tanto humana como de animais chegando mesmo transformar-se em pedras. É enorme o número de lendas e versões da mesma lenda, resultado de séculos de tradição oral. Nos contos, elas surgem como guardiãs dos locais de passagem para o interior da terra, os locais onde se acreditava que o sobrenatural podia manifestar-se. Aparecem junto de nascentes, fontes, pontes, rios, poços, cavernas, antigas construções, velhos castelos ou tesouros escondidos.
Diversos estudos, apontam para a época pré-romana a origem das Mouras. Estes seres encantados apresentam diversas semelhanças às Banshee das lendas Irlandesas. Paralelamente, na mitologia Basca, os Mairu (mouros) são os gigantes que construíram dólmens e os cromeleques. As lendas de mouras encantadas aparecem também na tradição oral Galega e Asturiana.
Não se sabe ao certo a origem do termo moura (moira) pensa-se que ele possa derivar da palavra grega "moira" (μοίρα), que literalmente significa "destino", e das Moiras, divindades originárias da mitologia grega.
Também se considera possível a origem na palavra celtas "mori", que significa mar, ou "mori-morwen", que designa sereia, provavelmente relacionando as mouras com as ondinas ou as ninfas, espíritos que habitavam nos rios e nos cursos de água. Outra possível origem de moura (moira), assenta na palavra "mahra" e "mahr", que significa espírito.
Bibliografia: Alexandre Parafita "A Mitologia dos Mouros"; "Revista Portuguesa de Arqueologia"; José Leite de Vasconcelos (vários textos)
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